Apenas o barulho se faz.
O silêncio é constante.
Só pode ser rompido,
portanto. Suportando
os que cochicham
e os que berram.
Mas volta, solene,
quando o som cessa.
Não faça silêncio.
Ou não fará mais nada.
Apenas o barulho se faz.
O silêncio é constante.
Só pode ser rompido,
portanto. Suportando
os que cochicham
e os que berram.
Mas volta, solene,
quando o som cessa.
Não faça silêncio.
Ou não fará mais nada.
Multidão de solitários e eu perdido.
Os pedidos de aceitação ecoam
nas ondas invisíveis. Súplica.
Eu quero calor. Não máquina.
Eu quero voz. Não metálica.
E tua presença. Única.
As coisas levam tempo.
É inevitável.
Viver é o que fazemos com ele
entre o início e o fim.
Porque
O tempo leva as coisas.
Vivas ou não.
Morrer é uma passagem
com misto de arrependimento
por não ter feito o tempo
parar em si.
O ar sufoca apenas de saber que é a última vez que faria isso. O caminho até ali nunca fora tão longo. Talvez a nossa percepção do mundo mude de acordo com a situação. Ou isso seja só uma desculpa para sermos babacas de vez em quando. A questão é lá estava eu, e minhas coisas, do lado de fora.
Havia esquecido uma camiseta, uma de minhas favoritas. De propósito, provavelmente. Digo isso porque não saberia dizer se estava controlando meus passos. Pelo que lembro, nem respirava. Era como se eu pudesse observar a cena toda através de uma fina película sépia.
Aproveitei para sentar no meu lugar do sofá uma última vez, enquanto dobrava a roupa em meu colo. Ali, tinha vivido coisas pequenas, mas as quais jamais esquecerei. Como os primeiros passos de meu filho ou as várias reuniões de amigos.
Ela também estava lá dentro. O processo era tão dolorido que mal podíamos nos encarar. Mas depois do fim, com os olhos já secos, quando podemos ver o quadro já montado, as coisas não precisavam ser tão conflitantes. O arrependimento, apesar de um erro, é inevitável.
Pedimos desculpas. Esboçamos um sorriso e ensaiamos um abraço. Aqui vai mais um arrependimento errado e inevitável: devia ter ficado lá um pouco mais.
Queria ver além
desse filtro cinza.
Saber se há vida
além da rua vazia.
Sentir meu pulso
soando contentamento
sem escorrer-me nos cantos.
Um dia.
Um retorno.
Mas enquanto,
o cinza.
Quando fechei a porta
foi uma escolha.
A preferência do não.
A solidão de negar-se.
Hoje pergunto:
– E se?
Aqueles braços estivessem abertos?
Aquela mente mais calma?
E se eu fosse quem eu gostaria de ser hoje?
Inútil pensar.
Contudo, inevitável.
E sigo.
As possibilidades são apenas
uma correção artificial
de nós mesmos.
Completo
este pobre poema
com palavra qualquer
que me tire
a sensação
de ser tão
incomp
Tem gente que foge. E outros ficam. De responsabilidades, dores e de relacionamentos. E os que fogem, veem uma ligação nessas três palavras. Não os culpo: sou dos que ficam e também vejo um encadeamento inevitável ali.
Fugir é um ato quase irracional. A simples menção da palavra “amor” é como um estampido para uma gazela. Corre-se sem nem saber porque. Engraçado como a mesma inteligência que pode nos fazer refletir se foi uma arma ou uma árvore caindo em algum lugar, pode também nos fazer ficar. E morrer nas mãos do terrível caçador.
Ela é das que correm. Ou ao menos era. Pacientemente, aprendemos a confiar – e conviver – com o outro. Sem pressa.
Amor, na mesma medida que traz responsabilidade e dor, enche-nos de sentido e conforto. Na dúvida, não corra.
Busco espaço,
no tempo em que me resta,
para uma conversa,
um texto,
um motivo
para que todo esse
es
pa
ço
desocupe-me.